Meu jeito de gostar é assim. Demorado, insistente. Gosto como quem gosta pela primeira vez, descobrindo o prazer do que é o verdadeiro instante de se gostar, de se sentir.
Como quem gosta pela última, coberta de desesperos e um pavor de acordar sozinha no dia seguinte.
Gosto como quem acabou de descobrir as mãos e os pés, e não sabe o que fazer.
Gosto como quem acabou de descobrir as mãos e os pés, e não sabe o que fazer.
Meu jeito de gostar é assim, infantil, exagerado e maluco. Gosto de ponta cabeça e do avesso. De cima da nuvem e debaixo da árvore. Mesmo que o sol esteja ardendo, queimando a pele. Mesmo que a chuva seja só de lágrimas.
Não se assuste, então. Se o meu gostar correr pelos labirintos da alma e te florir em poesias banais. Em versos ridículos e sem qualquer sentido. Não se espante se o meu jeito de gostar quiser te descobrir, te colorir e saborear inteiro e sem fim.
Abraço o mundo com pés e mãos, como quem acabou de ganhar um presente. Não sei dar bom dia sem me atirar no colo, nem dar boa noite sem pedir cafuné.
Gosto abrindo a geladeira e procurando doces pra enfeitar o amor. Abrindo janelas, escancarando vontades.
Meu jeito de gostar é gritar ao universo que estou feliz. É mergulhar em silêncios e gestos firmes. É evaporar na madrugada e me chover pela manhã. Esparramar-me toda pela cama, pelo tapete, num riso frouxo e cheio de intenções.
Meu jeito de gostar é feito criança brincando na lama, chupando um sorvete, andando de bicicleta sem direção. Tem um pouco de euforia e um bocado de esperança.
Gosto como quem acredita no infinito. Confiante, insistente, flamejante. Gosto inteiro, sem pontas soltas. Sem menos e muito mais.
Como se o mundo fosse acabar amanhã e hoje o dia tivesse poucas horas.
Gosto assim, repleta de urgências.
Camila Heloíse
Camila Heloíse
BJS.
DALVA LIMA
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